domingo, 5 de agosto de 2012

Cade os games brasileiros?

You must say to yourself every day, "I make games because I love it" - Alan Emrich

          É fácil encontrar alguém que conhece Mario e Sonic no Brasil; até mesmo pessoas que nunca gostaram de games, nem mesmo na infância, já ouviram falar. É fácil encontrar também pessoas que têm um console da geração atual, ou então que jogam em seus PCs ( mesmo que seja um MMO "free-to-play" ), mas ainda assim é extremamente difícil encontrar games de qualidade feitos em nosso país. Por que?



          Não parece haver interesse por parte dos brasileiros em produzir games, e isso parece ser parte da mentalidade brasileira em achar que coisas que são bem produzidas fora do país, não serão bem feitas aqui.
          As poucas tentativas que vejo acabaram não dando muito certo. Uma das melhores é Taikodom. O jogo é bonito ( era mais bonito por volta de 2008, mas o tempo passa... ) e era até que interessante, com uma apresentação e menus que fazia nascer um pequeno "orgulho de ser brasileiro", mas depois de jogar um pouco, percebíamos que o jogo oferecia poucas coisas para se fazer e uma progressão muito linear e simples, como se fosse um EVE Online versão trial. Esse ainda é o nosso maior projeto até hoje; a maioria dos outros games resumem-se a jogos de celular e tentativas ainda menos acertadas. Só para não dizer que estou sendo mau, existe o Mr. Bree, que a Lais ganhou ao baixar o Nuuvem, e adorou.

O universo de Taikodom é interessante, mas poderia ter sido mais ambicioso


          Uma coisa importante de se lembrar é que, MUITO mais importante que gráficos bonitos, o gameplay é essencial. É só olharmos para o clássico Minecraft, com gráficos de 16 bits, mas que vendeu alguns milhões, e continua a vender muito, tornando seu criador milionário; ou então Lone Survivor, e até mesmo Braid e companhia.
          Todos esses jogos recriaram alguma coisa em sua jogabilidade e adicionaram conceitos novos aos games, que com certeza serão reutilizados e melhorados em jogos mais novos. É isso que deve ser feito, principalmente se pensarmos num país como o Brasil, que não possui uma grande empresa com milhares de seguidores e uma bela lista de lançamentos cheia de hype.
          Voltando a Taikodom, visitando o website atual: http://www.taikodom.com.br/, dá para ver que o desenvolvimento do game está a pleno vapor, o que não nos tira às esperanças, e que, mesmo se o game falhar e em algum momento ficar abandonado, sabemos que o que cada profissional aprendeu durante essa jornada de anos na sua criação será usado em outros projetos. É isso que colocará o Brasil entre os grandes criadores de games ( ou não ), pois mesmo cometendo erros, as pessoas aprendem, e esse aprendizado é usado num novo projeto, e em outro, e mais outro.

Cavalaria, uma das grandes idéias que fizeram de Mount and Blade um jogaço

          O maior exemplo de um game que, mesmo com poucos recursos ( mas com uma idéia fenomenal ) deu certo, é a série Mount and Blade.
          Amagan Yavuz, seu criador, diz que queria criar um game novo, e por ter jogado bastante durante sua juventude, tinha várias ideias que nunca foram tentadas de forma satisfatória na indústria de games. Então, ele tentou trabalhar no game com sua mulher, e precisando de ajuda com tecnologia e dinheiro, procurou as grandes empresas, que recusaram seu projeto. Ele terminou Mount and Blade, com ajuda do próprio governo de seu país ( Turquia ), e vendeu mais de um milhão de cópias. Depois de dois anos ( já em 2010 ) lançou Mount and Blade: Warband, que é o game mais completo da série, e após mais duas expansões ( uma stand alone ), a TaleWorlds ( empresa de Amagan ), anunciou não oficialmente que esta trabalhando em Mount and Blade 2, com gráficos melhorados e muito mais tecnologia.


Heeeya!


          Ao contrário do que aconteceu na Turquia, no Brasil o governo não apóia como deveria na maioria dos casos. Só como curiosidade, você sabia que o Brasil já foi capaz de produzir um tanque de guerra mais poderoso que o melhor tanque dos EUA, mas que a empresa ( Engesa ) entrou em dificuldades e o governo não quis ajudar, deixando-a desaparecer? Imagina a quantidade de tecnologia que perdemos com essa jogada "genial" dos nossos políticos...
          Outro problema que temos no Brasil é a mentalidade das pessoas que possuem dinheiro para investir. A maioria acha que a melhor coisa que se pode fazer é comprar terras... e a tecnologia fica mais uma vez para segundo plano.

          No final, nossa esperança está com os desenvolvedores pequenos e empresas como a Hoplon ( criadora de Taikodom ), que pouco a pouco irão criar conhecimento, e esse conhecimento será transformado em pequenos sucessos que, com o tempo, virarão grandes games. Ou então continuaremos como simples consumidores, comprando games importados com imposto estratosférico T_T

12 comentários:

  1. Taikodom foi criado pensando no futuro... Eu joguei ele um tempo... O futuro chegou e eles ficou estacionado... O problema aqui no Brasil é simples... DINHEIRO, para se fazer produções AAA para competir internacionalmente é preciso de milhões e ninguem neste país tem interesse em investir nisso, ou em qualquer outra coisa cutural. O brasil trabalha a tempos com muitos games mas por conta da situação, fazemos pedaços de games para empresas estrangeiras ou jogos pouco numerosos para algum mercado de nicho Europeu. As empresas com um pouco mais de dinheiro (como Hoplon e Tectoy) ficam um pouco receosas e não investem com mais força, ou então em uma formula datada (o negocio aqui é ainda tratado como se fosse anos 90) e conseqüentemente o mercado não evolui. As inovações que vem chegando aos poucos aqui esta partindo de empresas de fora que viram um certo potêncial nos mercados emergentes.

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    1. Concordo, o pior do Brasil é que as pessoas que tem dinheiro pra investir ainda acham que a unica coisa que funciona no nosso pais é comprar terras, criar bois e plantar... tecnologia que é bom, nada.

      Só adicionaria mais uma coisa: ao contrario do que nossa midia prega, o povo brasileiro não é TÃO criativo assim, pois criatividade somada com pouco dinheiro da ótimos jogos, como os exemplos que eu citei no post ( mount and blade, minecraft, braid, etc ).

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    2. Ah, eu joguei Taikodom no começo também, e acho que era melhor antes... voce se sentia mais livre no mundo, agora a impressão que da é que você esta sempre num corredor... ou será que foi só comigo?

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  2. vixe, são tantos os motivos que eu nem saberia por onde começar. :P mas posso resumir na fonte que sempre deixa o país pra trás em todas as áreas: educação, educação e, ah sim, educação.
    no game reporter ultimamente toda santa semana tem algum post falando sobre um jogo nacional novo, campanhas e incentivos a produção nacional. mas são na maioria pra celular e coisas do gênero...
    só que francamente, quem é que quer um jogo do zé do caixão? tem que parar com essa ânsia de "temos que utilizar um "design brasileiro"" ou ter inspirações na cultural local (wtf? que cultura?) e ir atrás da excelência a nível mundial, porque ela está ao alcance de todos os brasileiros gamers. não é porque é feito aqui, que as pessoas vão dar uma chance.
    mas é difícil mesmo, o governo faz de tudo pra desencentivar. acho que uma boa alternativa dentro das nossas limitações é pensar menos em gráficos e mais em idéias/gameplay (como vc disse), e ir no embalo dos jogos indie.

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    1. Concordo plenamente! Sempre dizem que se deve fazer um jogo sobre "coisas brasileiras", mas isso é totalmente errado, pois a cultura de todos os paises esta sendo criada e recriada a cada dia, e se não criarmos coisas novas, continuaremos sendo o "pais sem rosto" de sempre.

      Acho que enquanto não deixarmos de lado esse ultra-nacionalismo, ficaremos para tras.

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    2. O meu sonho é ver um game feito com base no trabalho do Zé do Caixão *¬*

      Seriam games tão terríveis quanto Silent Hill... Quem ja assistiu os filmes bizarros dele sabe disto.

      Alias a consolidação do termo Indie é o que tem dado uma sobrevida aos estudios brasileiros :3

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    3. Eu gostei do ultimo filme do Zé do Caixão, me surpreendeu, principalmente em relação aos efeitos especiais, mas achei que ficou muito estranho querer colocar favela no meio da história ( filme brasileiro só sabe falar que pobreza é bonito ultimamente ).

      Eu acho que o Zé do Caixão nos primeiros filmes foi genial, principalmente para a epoca, mas o tempo passou e tenho a impressão de que ele parou de inovar. Mas isso é só uma opinião =)

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    4. então considere seu sonho realizado, pois já existe esse jogo (ou não somos os primeiros a ter a idéia). 8D acredito que o que vi em um evento não se tratava de lançamento oficial, mas era apenas mais um ótimo exemplo de uma idéia com potencial que foi mal executada.
      e falando em subconsciente coletivo: http://youtu.be/Fznoiq8WQ50?t=34m26s
      BEM melhor do que eu tinha visto e admito que é mais interessante do que futebol, carnaval, favela e sertão, mas me mantenho meio cética em relação a design brasileiro em geral até que provem o contrário. 8) a pergunta sobre braid no vídeo representamente EXATAMENTE essa mediocridade nacional que me incomoda.

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    5. O sujeito queria saber se da pra burlar os direitos autorais só mudando a cor do personagem hahaha, deprimente T_T

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  3. Concordo com o Anderson, grande problema aqui é o investimento (dinheiro). É difícil dizer o motivo específico do por que não criamos jogos do mesmo nível dos produzidos no exterior... simplesmente não temos essa cultura tão bem estabelecida como nos outros países.. torço muito pra que de certo... mas é como implantar a venda de produto típico de uma região em outra distinta, é bem difícil. Essa ideia de que tudo que vem de fora é melhor do que o nacional está enraizada aqui =/, fruto do neo-liberalismo e pessoas que pregam um comportamento reacionário. Mas eu tenho fé no meu Brasil, ainda vamos criar muitas coisas boas com relação a games, só precisamos de tempo e dinheiro (hahahahaha)... pessoas interessadas nós temos!

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    1. Adicionaria algo ao seu comentario. As pessoas interessadas ainda tem pouco conhecimento na area ( já que a maioria participou de poucos projetos, e quando participou, não passou de games para celular ), então falham em varios aspectos basicos de um game enquanto sonham alto e tentam criar coisas revolucionarias ( como aconteceu com Capoeira Legends ).

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