Dessa vez quero falar sobre uma história interessante por trás de um jogo que sempre achei "diferente", mas não entendia porquê. Tenho mania de duvidar de tudo, e isso me leva a descobrir coisas muito interessantes onde geralmente ninguém vê nada de diferente. E com Nightmare Circus foi assim.
Nightmare Circus é um jogo de ação/terror lançado para Mega Drive/Sega Genesis pela Tectoy. Conheci ele através de um primo. Passávamos os fins de semana inteiros tentando chegar no final de tudo o que é tipo de jogo, até que ele chegou com um cartucho do game.
A história é simples: Existe um circo macabro que aparece em dias de tempestade, e você precisa destruí-lo. Você é um índio ( ou descendente de ) norte-americano, mas não lembro onde isso faz diferença na história *buuu*. No manual havia mais alguma explicação do porque destruí-lo, mas infelizmente não achei nada na internet, e o tempo às vezes apaga nossas memórias. Só para constar, o nome do vilão, esse aí saltando na capa, era Jester.
A jogabilidade era interessante, apesar dos controles serem complicados e responderem mal. Você começa num tipo de pátio central do circo, onde pode escolher para qual das atrações vai primeiro. O ambiente é escuro e sinistro. Primeiramente, você pode ir para o circo propriamente dito ( a grande lona onde acontecem os espetáculos ), a montanha russa, a roda gigante ou um labirinto, que talvez fosse uma daquelas atrações de circos americanos? *pensa, pensa*
Após escolher onde entrar as coisas se complicavam. Você nunca tinha dica do que fazer ou para onde ir, e as fases pareciam charadas gigantescas. Lembro de andar por horas pela montanha russa, sendo atropelado por carrinhos com caras diabólicas ou atacado por "zumbis operários que disparam armas de grampear" ( aquelas grampeadoras de madeira, sabe? ), ou então correr em círculos, infinitamente, nos carrinhos de bate-bate, até desistir e desligar o console. Uma vez ou outra, sem entender exatamente como, conseguíamos passar de fase e chegar num chefe ou numa outra fase ainda mais misteriosa, mas isso era raro ( mas a sensação de finalmente conseguir algo era muito boa XD ).
E então você me diz: Ta bom, mas e daí? Agora vem a parte importante, pois foi nos últimos anos ( quando eu descobri o que estava por trás do jogo ) que a história se tornou interessante.
Na verdade, Nightmare Circus não lançou em nenhum outro lugar fora do Brasil. Estranho, então é um jogo brasileiro? Não. É um jogo que não foi terminado.
De acordo com algumas fontes, ele deveria competir com Donkey Kong. Traria tecnologias nunca antes usadas num game, tecnologias essas que dariam "mais controle" ao jogador. Estaria praticamente completo, pronto para toda a burocracia que vem antes de um lançamento oficial. Outras fontes discordam nessa parte, dizendo que o jogo estava incompleto, sem algumas fases e sem a tal da "nova tecnologia", que nunca foi implementada.
Então porque a Tectoy comprou os direitos de um jogo incompleto e lançou no Brasil? ( o jogo foi lançado tempo depois nos EUA através do Sega Channel ) Talvez porque os direitos sobre o jogo eram mínimos, já que a Sega havia desistido de seu lançamento. Alguém na Tectoy pediu para ter acesso ao jogo, gostou, e decidiram comprar para ganhar uma grana em cima. Talvez a Tectoy tenha até mesmo programado/reprogramado alguma coisa, pra deixar o jogo mais completo para o lançamento, já que existem versões diferentes mais ou menos completas rodando a internet em forma de roms para emuladores ( isso não passa de teoria, não estou acusando a Tectoy de nada ).
Na minha opinião, Nightmare Circus seria um grande jogo, talvez um dos melhores de seu tempo, se houvesse mais tempo e dinheiro para colocarem em cima de seu desenvolvimento ( algumas coisas precisariam ser completamente reconstruídas ).
Porque ele poderia ser tão bom? Alguns pontos fortes:
- Havia um modo multiplayer cooperativo, além de um competitivo, onde um jogador era o herói e o outro controlava os inimigos ( podendo controla-los individualmente ou decidindo a quantidade, tipos, etc ) além de um modo versus, no melhor estilo Street Fighter, onde as fases e personagens eram liberados à medida que se completava o jogo ( essa é mais uma prova de que o jogo era incompleto, pois não havia password e nem saves, logo, toda vez que se desligava o console se perdia tudo ).
- A trilha sonora era incrível, principalmente se lembrarmos que se trata de um console da geração 16 bits.
- O tema e a arte também não era menos que incrível. Um circo macabro habitado por malabaristas deformados, demôninhos que carregam cimitarras e coisas do tipo me fascinam *_*
Infelizmente, ter uma idéia legal não te leva a lugar algum sem dinheiro, e quando resolveram abandonar Nightmare Circus, deixaram de criar uma obra-prima ( não no estado em que foi deixado, que fique claro ), que talvez fizesse parte do imaginário dos ex-donos do Mega Drive/Sega Genesis até hoje.
Pra finalizar, encontrei um cara que conseguiu chegar ao fim do game ( parece que brasileiro ). Foi o único que conseguiu essa proeza de que eu tenho notícia. Os vídeos dele estão no Youtube. Colocarei o link para a primeira parte, para encontrar os outros ( 4 ou 5 videos ) é só procurar por part 2, part 3, etc.
Caso haja curiosidade, o link abaixo leva para um fórum criado para tentar descobrir mais coisas sobre o game. Existe até um comentário de um dos principais programadores do jogo, além de pessoas que entraram nos códigos do game para procurar mais coisas escondidas ( muitos jogos possuem fases, itens, etc, escondidos em seu código, coisas que não foram terminadas a tempo, ou tiradas em cima da hora ).
Até breve! o/
Por GUILHERME
Olá Guilherme, apenas para dar complemento a seu texto, a história do game é a seguinte:
ResponderExcluirFoi inaugurado no deserto do Arizona um circo, cujo operador e vilão Jester, incendiou o mesmo para lucrar com as apólices do seguro, matando assim a todos que estavam naquele dia. Sua ganância e maldade o levaram condenação de morte por todas as vítimas daquele incêndio que, antes da execução advertiu a todos que os atormentariam para sempre. Você joga com um cara chamado Raven, que é descendente de índio norte-americano e teve sua família vitimada naquele incêndio, não satisfeito, Raven decide investigar por conta própria os acontecimentos que ali ocorrera.
Espero ter sido claro, até breve! :D